Bom senso é uma dádiva, mas inteligência é uma aquisição*
5 Comments escrito por purita on quinta-feira, setembro 29, 2005 at 5:58 da tarde.
Venho, por este meio declarar, que não tenho o dom de prender pelas palavras escritas.
Às vezes gostava de ser mais profunda por escrito do que sou realmente.
Assim como a palavras me prendem também eu tenho ansiado prender pelas minhas.
Quem me ler não vai chegar ao fim e dizer, “aahh, magnífico, que bem escrito.”, “A forma como descreve as situações, os comportamentos, as pessoas e os ambientes, os sentimentos”, “identifico-me mesmo com isto”, "uau!".
Contento-me com o facto de a minha instrução primária ter sido boa o suficiente para não dar erros ortográficos e gramaticais. Consigo construir frases com sujeito e predicado, canonicamente correctas, mas mais que isso acho difícil.
Reconheço que me intimidam as pessoas que escrevem muito bem, que têm esse dom (sim, por é mesmo um dom), de fazer suspirar que lê, asfixiar, morder, prender...
E acho que tudo isto deve ser por não receber nem mandar cartas de amor!
Em contrapartida tenho segurança nas palavras que digo, e isso não me assusta minimamente. Acho que nunca tive medo de falar com alguém, mas sinto que o nosso lado de exigência intelectual se centra cada vez mais na escrita do que nos gestos. E eu que gosto tanto de abraçar e beijar.
“Abraçou-a de modo tão intenso que quase lhe cortou a respiração quando sentiu que a boca dele se aproximava do seu pescoço!”, bah! mas isto (alguma vez e em alguma galáxia) substitui o abraço?
Acho possível apaixonarmo-nos por um escritor, mas quem não sabe falar ao ouvido com a mesma intensidade com que escreve, não segura a paixão.
Além do mais, sinto que tenho mais jeito para mostrar aos outros que as coisas boas da vida, para além dos escritos, sentem-se à flor da pele.
Sorrio. Limito-me a sorrir. Mas parece que não chega.
Ps. sempre adorei fotografia!
*desconheço o autor.
chega sim. isso é já mais do que muito.
E que sorriso ;-)!
"As palavras que nunca te direi." sabes que as pessoas que escrevem bem (com o dom) teimam em não tentar o que verdadeiramente sentem. Como mulas continuam a permanecer nesse estado letárgico.
No entanto enquanto há vida há esperança.
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Concordo plenamente contigo Purita. Nada é como tocar e sussurar ao ouvido, coisas boas e coisas más, mas com o ar que expiro a varrer-lhe os poros. Estou um farrapo. Sorry:)