um sem abrigo, pelo menos como eu os conheço, não é necessariamente uma pessoa que vive na rua. eu até diria que a maior parte deles, como eu os conheço, até tem um tecto. às vezes vê o céu através do tecto, sem que isso lhe lembre alguma coisa de especial, a não ser "espero que hoje não chova!".
A maior parte da pobreza, pelo menos a que eu conheço, é envergonhada. são mulheres que deixam três filhos em casa [mais um, o marido], para vir buscar comida e roupa para os miúdos à rua. são doentes que compram os medicamentos mês sim, mês não, porque é mesmo assim. são pessoas que se arruinam, que contraem dívidas sem poder, que mesmo que trabalhem têm os salários penhorados por um qualquer contrato de crédito, a maior parte das vezes para comprar os bens mais inúteis. são famílias desagregadas, pais que não falam com os filhos há anos. podia continuar a desenrolar, mas agora os clichés que todos conhecem, bebida, droga, loucura, demência. sinto que há muitos loucos pela noite...e cadavéricos.
de cada vez que saio à rua, à noite, é inevitável pensar que isto não tem solução, que podemos, por outro lado, estar a alimentar também uns quantos encostados que deviam estar a trabalhar, mas hoje penso nos outros. nas pessoas e nas histórias que trazem agarradas.
A maior parte da pobreza, pelo menos a que eu conheço, é envergonhada. são mulheres que deixam três filhos em casa [mais um, o marido], para vir buscar comida e roupa para os miúdos à rua. são doentes que compram os medicamentos mês sim, mês não, porque é mesmo assim. são pessoas que se arruinam, que contraem dívidas sem poder, que mesmo que trabalhem têm os salários penhorados por um qualquer contrato de crédito, a maior parte das vezes para comprar os bens mais inúteis. são famílias desagregadas, pais que não falam com os filhos há anos. podia continuar a desenrolar, mas agora os clichés que todos conhecem, bebida, droga, loucura, demência. sinto que há muitos loucos pela noite...e cadavéricos.
de cada vez que saio à rua, à noite, é inevitável pensar que isto não tem solução, que podemos, por outro lado, estar a alimentar também uns quantos encostados que deviam estar a trabalhar, mas hoje penso nos outros. nas pessoas e nas histórias que trazem agarradas.
a propósito de alguém que hoje disse, oh, o que são 200 mil euros?
Eu além de pensar devia fazer alguma coisa...Hoje decidi por alguma roupa de parte e dar (só tenho de ver onde, há um centro comercial aqui perto que tinha um depósito para roupa usada, tenho de ir la ver). Nunca é tarde.
bj
Escreveste um bom depoimento. São muito importantes as políticas e acções sociais que combatem a pobreza sem promover o encostanço. Aliás, devem promover o contrário do encostanço, que é a integração. A mim parece-me que o problema tem solução, embora difícil e morosa. Mas que há países com muito menos pobres que outros, há, isso há...
um texto forte.
que abana.
bom lê-lo.